Gerdau (GGBR4): queima de R$ 1,2 bilhão em caixa não deve se repetir, segundo o CFO

Queima de caixa do 1º trimestre 'não deve se repetir' por queda de investimentos e pagamentos de fornecedores, diz CFO da Gerdau (GGBR4)

Gerdau tem queima de caixa de R$ 1,2 bilhões no 1º trimestre. Foto:  Ruvic/Illustration/Reuters
Gerdau tem queima de caixa de R$ 1,2 bilhões no 1º trimestre. Foto: Ruvic/Illustration/Reuters

A Gerdau (GGBR4) formou mais estoque do que o esperado no primeiro trimestre devido ao aumento de volume de pedidos nos Estados Unidos. E, portanto, a empresa sofreu maior impacto no fluxo financeiro.

Esse foi o principal motivo que levou a empresa a reportar, na segunda-feira (28), queda de 39% no lucro líquido entre janeiro e março de 2025, para R$ 758 milhões.

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Mas o efeito, segundo o diretor-executivo de Finanças da Gerdau, Rafael Japur, “é o de costume no primeiro trimestre do ano”.

Ele explica que o fluxo de caixa livre, depreciado neste momento, deve se normalizar nos próximos meses, apesar de a Gerdau ter intenção de manter os pedidos acima da média histórica.

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Os resultados do primeiro trimestre de 2025 da Gerdau (GGBR4) foram positivos do lado operacional, mas a saída de R$ 1,2 bilhão do caixa assustou analistas.

O CFO explica que a siderúrgica investiu R$ 1,4 bi, mas pagamentos de fornecedores foram adiados, o que explica o fluxo do período. Somando dividendos e recompras, a Gerdau repassou mais de R$ 500 milhões desde o início de 2025.

Ações preferenciais da Gerdau registram queda suave de 0,26% às 13h da terça-feira (29).

Fluxo de caixa da Gerdau (GGBR4) deve normalizar

O capital de giro da Gerdau, ou seja, financiamento necessário para o funcionamento da empresa, aumentou 7% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com os últimos três meses de 2024, registrou leve expansão.

A alta no financiamento impactou diretamente o fluxo de caixa negativo da Gerdau. Nesse sentido, a companhia se adiantou, disse Japur em coletiva de imprensa nesta terça-feira (29).

“Geralmente começamos o ano investindo pouco”, afirmou o CFO.

“Mas agora o intuito é ter uma curva de investimentos de capital mais constante nos próximos trimestres, mais harmonizada”. Ele pontua que a tendência é de que o volume de investimento da empresa diminua, sem repetir a queima de caixa do primeiro trimestre.

“Formamos o capital de giro e o nível de queima de caixa não deve se repetir nos próximos meses.”

Em remuneração a acionistas, a Gerdau pagou mais de R$ 500 milhões entre a recompra de 1,4% das ações mantidas por acionistas e dividendos.

Nesta segunda, a companhia anunciou o pagamento de R$ 243 milhões em dividendos, ou o equivalente a R$ 0,12 por ação.

Apesar de manter-se otimista sobre o fluxo de caixa à frente por queda de capital de giro, a Gerdau montou a maior carteira de pedidos acumulados desde 2022 no primeiro trimestre. De acordo com o CEO da siderúrgica, Gustavo Werneck, 70 pedidos estão no backlog, número acima da média histórica da companhia.

“Quando olhamos para carteira de pedidos, estamos com nível forte mesmo depois de as tarifas terem entrado em vigor”, comentou Weneck.

Gerdau deixa fábrica no México de lado

Devido ao cenário mais incerto com a chuva de tarifas de importação dos Estados Unidos, do presidente Donald Trump, a Gerdau planeja suspender o estudo para investir R$ 3 bilhões em uma fábrica de aço especializado no México.

A companhia anunciou que faria a prospecção há quase um ano, mas acabou por recuar. Segundo o CEO, a Gerdau (GGBR4) hoje prefere aguardar a “reconfiguração de cadeias automotivas”.

O setor é um dos mais atingidos pelas tarifas de Trump, já que componentes da linha de montagem e peças são importados da China, cujas tarifas de importação aos EUA chegam a 225%.

“(Vamos esparar) como vai se reconfigurar a cadeia global de carros e caminhões”, disse Gustavo Werneck.

O CEO diz que “espera um mercado saudável” para a operação da Gerdau nos EUA, que brilhou no primeiro trimestre porque clientes da Gerdau anteciparam compra de aço por medo das tarifas de importação.

“Mesmo com as tarifas, tivemos aumento de utilização da nossa capacidade de produção (nos EUA), a despeito de incerteza maior no ambiente de negócios”, afirmou.

Novos investimentos dependem de postura contra aço da China

A Gerdau, contudo, planeja investir menos capital caso o governo do Brasil não adote “novos mecanismos de defesa comercial” após o vencimento da política de tarifa-cota aplicada sobre produtos de aço vindos da China.

O sistema adotado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) em 2023 deve vencer ao final de maio. A Gerdau (GGBR4), a depender das medidas, pode alterar a previsão de capex projetada para 2026.

O nível de investimentos pode ser mantido, disse Weneck, mas passa pela decisão de defesa comercial.

“A revisão de capex pode ser maior a depender depender desse ponto. Os R$ 6 bilhões de investimentos para esse ano serão utilizados. A empresa é bem pouco alavancada, e esse é o futuro que estamos debatendo agora.”

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