Itaú BBA eleva preço-alvo de CPFL (CPFE3): “principal aposta em dividendos no setor elétrico”
Relatório avalia que desenvolvimentos positivos para a empresa, incluindo uma receita bilionária extra de um embate com a Aneel, ainda não estão no preço

O Itaú BBA elevou nesta segunda-feira (28) o preço-alvo para as ações da CPFL (CPFE3), argumentando que uma série de fatores positivos para a empresa de energia elétrica, principal aposta do banco em dividendos no setor, ainda não foram incorporados ao papel.
Assim, Fillipe Andrade, analista que assina o relatório, estabeleceu como meta para CPFE3 no fim de 2025 uma cotação de R$ 45,90, ante previsão anterior, de R$ 39,70. O novo alvo implica uma valorização potencial de 17,6% em relação ao fechamento da última sexta-feira (R$ 39,04).
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Isso, mesmo com a ação já tendo subido cerca de 25% neste ano.
Para Andrade, apesar de uma perspectiva macroeconômica desafiadora, a CPFL oferece uma combinação de balanço patrimonial sólido, fluxo de caixa previsível e um dos maiores rendimentos de dividendos de sua cobertura.
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A estimativa do Itaú BBA é de que CPFE3 pague ao investidor uma renda de dividendo (dividend yield) ao redor de 9% sobre 2025 e de dois dígitos a partir de 2026, nível que considera bastante atraente dado o perfil defensivo do papel.
Entre os pontos fortes da companhia listados no relatório está a perspectiva de forte crescimento orgânico nos próximos anos, na esteira de plano de investimentos para o período 2025-29 de cerca de R$ 30 bilhões, com mais de 80% disso no segmento de distribuição.
O foco está em automação, flexibilização da rede e fortalecimento dos indicadores de qualidade operacional.
Nos últimos anos, a CPFL tem tido uma abordagem mais conservadora em relação ao crescimento inorgânico e a expectativa do BBA é de isso continue, o que seria um desenvolvimento positivo para investidores com foco em dividendos.
Em outra frente, a empresa tem uma operação de distribuição bem preparada para atravessar o processo de renovação de concessões. A CPFL tem bons números em termos de qualidade de serviço, com todas as concessões cumprindo suas metas regulatórias para 2025,.
Dessa maneira, o BBA acredita que a empresa não enfrentará dificuldades para renovar suas três principais concessões: Paulista, Piratininga e RGE.
Além disso, a empresa tem um portfólio de geração bem contratado para os próximos anos, o que a torna menos exposta a variações nos preços de energia. Por outro lado, também seria menos beneficiada por tendências de alta que rivais no setor, como Eletrobras e Copel.
Vitória judicial sobre Aneel deve render receita extra à CPFL
A CPFL anunciou recentemente vitória numa disputa judicial com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que implica um potencial significativo de valorização e pode abrir espaço para dividendos extras nos próximos anos.
Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), o total a receber em favor da CPFL é de R$ 4,678 bilhões. O tema ainda está em discussão na Aneel, pois um diretor pediu mais tempo para analisar o assunto.
“Embora o prazo para uma decisão final da Aneel e o mecanismo para incorporar o valor à tarifa da distribuidora ainda sejam incertos, acreditamos que as chances de um resultado favorável são altas”, afirmou Andrade no relatório.
Isso porque o processo já teve decisão final no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e o valor também foi homologado pela área técnica da Aneel e da Advocacia-Geral da União (AGU).
A confirmação da vitória da CPFL implicaria potencial de alta de 7% para as ações, situação que o BBA acredita que ainda não está no preço.
Dividendos, dividendos e mais dividendos
Em resumo, o BBA vê CPFL como principal aposta em dividendos no setor elétrico, dado o balanço patrimonial confortável e o ambiente de crescimento inorgânico menos atrativo nos segmentos de geração e transmissão.
Ou seja, o cenário de que a empresa invista em comprar rivais é menos provável, o que significa mais distribuição de proventos aos acionistas.
A premissa do relatório considera o pagamento de 70% dos resultados para dividendos regulares e que o fluxo de caixa dos recebíveis da disputa judicial com a Aneel será totalmente distribuído como dividendos extraordinários.