6 ações do Ibovespa indicadas por analistas para blindar investidor do tarifaço

O Ibovespa, assim como a maioria das bolsas de valores do mundo, segue em queda livre desde o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde a última quarta-feira.

Bancos de investimento explicam que algumas ações do Ibovespa podem proteger melhor o investidor contra a guerra comercial entre Estados Unidos, China e o resto do mundo.

O mercado financeiro, neste momento, aposta em nomes que envolvidos com agronegócio e setores mais fortes da cadeia de exportação brasileira, como a Rumo (RAIL3). As ações de empresas listadas na bolsa de valores competem com concorrentes americanos também podem oferecer boa oportunidade de blindar o patrimônio do investidor, como SLC Agrícola (SLCE3).

Agronegócio entra em jogo com tarifaço de Trump

SLC Agrícola e Rumo estão na ponta da língua dos bancos de investimento para se blindar do tarifaço de Trump na bolsa de valores.

Para o Santander, a SLC continua como uma das ações do Ibovespa que tende a se destacar positivamente em meio ao banho de sangue dos mercados. A companhia do agronegócio negocia principalmente soja, e a guerra comercial entre China e EUA pode ser a cereja do bolo para alta de receita oriunda da exportação do grão.

Os analistas do Santander afirmam em relatório que os preços da soja tendem a subir ligeiramente com a guerra comercial. Mas uma depreciação do dólar contra o real em R$ 0,10 pode fazer a cotação regredir globalmente.

O principal efeito benéfico viria por maior demanda da China e dos EUA. Isso poderia elevar o preço das ações da SLC no Ibovespa. Contudo, aumentar a fatia exportada a esses dois países não seria fácil, destaca o Santander.

“Para aumentar a fonte de soja brasileira, China e Estados Unidos teriam que investir alto em armazenagem de grãos e infraestrutura”, disse o banco espanhol.

Outra ação que deve ganhar com a guerra comercial e o tarifaço é a Rumo (RAIL3), segundo o Bradesco BBI. Isso porque a transportadora ferroviária está ligada ao escoamento de soja, cuja exportação bateu recorde em março.

Segundo a consultoria Royal Rural, o Brasil exportou 14,7 milhões de toneladas de soja em março, alta de 17% frente a igual mês de 2024. De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), a Ásia aumentou importações do produto em 14%, ou o equivalente a US$ 600 milhões.

Ações de frigoríficos no Ibovespa ganham força

JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) são ações do Ibovespa que se mostram defensivas em meio à fuga de capital global dos mercados acionários.

O BTG Pactual nota em relatório que o rebanho de bovinos nos EUA se depara “com o menor nível em mais de 70 anos” em meio a ciclo de baixa. Portanto, o país ainda depende de exportação do gado brasileiro para suprir o consumo interno.

“Adicionalmente, o Brasil pode se beneficiar da demanda de outros países, caso esses adotem medidas de retaliação. A oportunidade é particularmente relevante em mercados asiáticos como China, Japão e Vietnã”, disse a equipe de analistas do BTG Pactual em relatório. A Minerva (BEEF3) seria o principal destaque neste cenário.

E a balança comercial de março prova que frigoríficos brasileiros aumentaram a participação em exportações.

Dados da Secex apontam que a exportação de carne bovina cresceu 40% em março, com acréscimo de US$ 300 milhões, quando comparado com março do ano passado.

“No Brasil, o bom momento para as exportações de proteínas continuou em março, com volumes sólidos e preços estáveis em geral”, enfatizou o Bradesco BBI.

No Ibovespa, as ações da JBS (JBSS3) tendem a capturar melhor o movimento. Principalmente porque a empresa pode destravar valor com a conclusão da dupla listagem nos EUA, segundo o BBI.

O volume de exportação de frango também avançou, aponta o Banco Safra. No mês passado, o País enviou para fora 14% a mais de toneladas de proteína de frango do que em março de 2024.