‘Reação exagerada’ e foco nos dividendos: mais motivos para apostar na Petrobras
Empresas citadas na reportagem:
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) bateram valores nominais históricos na bolsa de valores, mas despencaram no último mês. Agora, surgem dúvidas sobre a capacidade de recuperação dos papéis.
Mas afinal, é hora de sair do papel? Ou, para quem está fora, é uma boa oportunidade para comprar a preços mais acessíveis?
Para além de reportagem já publicada pela Inteligência Financeira, fomos novamente ao mercado para entender se vale a pena investir no papel.
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Desde o começo do ano, as ações ordinárias (PETR3) caíram em torno 18% e as preferenciais (PETR4), 16%. Ainda assim, a maioria dos agentes consultados pela Inteligência Financeira diz que a companhia segue como boa aposta.
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Para Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, a queda recente da Petrobras abre uma oportunidade cautelosa. “O valuation descontado e fundamentos sólidos sugerem potencial de recuperação”, diz.
Mas ele vê “volatilidade macroeconômica e riscos locais” como contrapeso e, por isso, recomenda esperar a divulgação dos próximos resultados, em 13 de maio, para tomar qualquer decisão.
Por outro lado, quem já tem a ação no seu portfólio deve segurar o papel. Os fundamentos e dividendos atraentes ainda justificam mantê-lo para o longo prazo.
Contudo, a adesão à Petrobras não deve ser sob qualquer cenário. “A volatilidade sugere definir um limite de perda (stop loss) para proteger contra quedas adicionais”.
Assim, “venda apenas se houver sinais claros de deterioração operacional nos próximos resultados”, recomenda Silva.
O Santander diz que mantém Petrobras como “principal escolha, dada a sólida capacidade de geração de fluxo de caixa e distribuição de dividendos”.
O banco tem recomendação de compra de R$ 44 para PETR4, que está cotada a R$ 30,96 perto das 14h desta quinta-feira (8).
O BofA também mantém recomendação de compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 48 para R$ 46.
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Reação é ‘parcialmente exagerada’, diz analista
Silva, da Nova Futura, diz que a queda reflete a combinação de preços mais baixos do petróleo, ajustes nos preços de combustíveis (como diesel), revisões negativas por bancos de investimento, volatilidade macroeconômica (tarifas globais e receios de recessão) e preocupações com interferência estatal e incertezas regulatórias no Brasil.
Contudo, o analista vê a reação do mercado como “parcialmente exagerada”. Os fundamentos apontados por Silva como “sólidos” incluem “produção estável, reservas robustas e valuation atrativo”. Além disso, o mercado pode estar vendo mais riscos do que realmente existem de intervenção estatal.
BB mais reticente
O BB Investimento tem visão diferente. “Considerando as possíveis consequências para as cotações das petroleiras com um eventual agravamento desse cenário, alteramos a recomendação da Petrobras para Neutra”, diz o banco em relatório.
Além disso, “o cenário de preocupações de curto/médio prazo por conta do contexto global de guerra tarifária e impactos na demanda e preços de petróleo, bem como na aversão ao risco sobre esse setor” devem manter os papéis em nível menos atrativo.
Assim, o BB mudou sua recomendação de compra para neutra para as ações da Petrobras. O melhor antes de comprar os papéis é “aguardar definições mais estruturais antes de retomar as compras”, acrescenta o BB.
Outras petroleiras pelo mundo
O movimento de queda tem sido semelhante em outras petroleiras. Mas menos intenso. E isso tem a ver exatamente com essa calibragem exagerada dos riscos que a estatal pode oferecer.
Contudo, Silva reconhece que pares globais “têm maior diversificação geográfica e menos intervenção estatal”, o que ameniza as quedas em um ambiente global desfavorável.
Curto, médio e longo prazos para as ações da Petrobras
Para Silva, as ações da Petrobras não são o melhor negócio no curto prazo por causa da volatilidade macroeconômica e incertezas locais. Mas ele aposta em uma retomada da valorização dos papéis pensando nos médio e longo prazos.
“O foco em projetos de alta rentabilidade (como pré-sal) e valuation atrativo favorecem valorização, especialmente se os preços do petróleo se estabilizarem”.
Dividendos
Além disso, os dividendos seguem pesando a favor das ações da companhia, “apoiados por fluxo de caixa sólido e projetos rentáveis”, acrescenta o analista da Nova Futura.
Mas, mesmo nessa linha, há riscos caso os preços do petróleo caiam mais ou se houver maior intervenção estatal. “Os próximos resultados são cruciais para confirmar a sustentabilidade dos pagamentos”, reforça Silva.
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