Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida pode desbloquear lançamentos para a classe média

Abertura do programa à classe média no programa viria em um momento de crédito imobiliário escasso e taxas de juros mais altas

Empresas citadas na reportagem:

Está em discussão pela área técnica do governo a criação da Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O novo grupo atenderia pessoas de renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil e elevaria de R$ 350 mil para R$ 500 mil o valor do imóvel que poderá ser adquirido.

A abertura do programa à classe média viria em um momento de crédito imobiliário escasso e taxas de juros mais altas. No lado das construtoras, o movimento é visto pelo mercado financeiro como potencial gatilho para a próxima onda de crescimento.

Sobretudo, a medida tem potencial de desbloquear lançamentos para o segmento. Isso é o que aponta o Itaú BBA em relatório assinado por Daniel Gasparete e equipe.

Classe média no Minha Casa, Minha Vida

A criação da Faixa 4 teria como fonte de recursos o Fundo Social do pré-sal. Esse fundo foi criado em 2010 para ser abastecido pelo dinheiro dos royalties do petróleo, replicando um modelo da Noruega.

Inicialmente, o dinheiro seria utilizado para financiar iniciativas de desenvolvimento regional e social nas áreas de educação, saúde e cultura. O remanejamento de parte do montante para o MCMV foi solicitada dentro da aprovação do Orçamento 2025.

O Itaú BBA aponta que o saldo do Fundo Social do pré-sal era de R$ 30 bilhões em dezembro de 2023. E o fundo poderia receber R$ 1 trilhão até 2032.

“Sim, isso não é um erro de digitação”, destaca o time de analistas do banco.

Nas contas deles, dentro das mudanças que estão sendo discutidas no programa habitacional, seriam destinados R$ 15 bilhões apenas neste ano para a Faixa 4. Ainda que as perspectivas a longo sejam desconhecidas, o impacto a curto prazo seria significativo.

“Poderiam financiar 30 mil unidades, representando cerca de 2% dos 2 milhões de famílias que podem se tornar elegíveis para a potencial nova faixa de renda”, anota o BBA.

Além disso, os analistas do banco observam que a Caixa Econômica poderia combinar os recursos do Fundo Social com a emissão Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) para fornecer R$ 30 bilhões em empréstimos aos mutuários da Faixa 4.

Perspectiva positiva para o setor

Para o Itaú BBA, a iniciativa voltada à classe média seria marginalmente positiva para Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3). Ao mesmo tempo, o banco de investimentos aponta Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3) como principais beneficiadas.

“Essa faixa de renda poderá desbloquear mais lançamentos, maiores margens, vendas mais rápidas e/ou menor pró-soluto”, projetam os analistas.

Por fim, o relatório registra que a baixa renda continua sendo o segmento preferencial do BBA dentro do setor imobiliário.

“A combinação da ‘Faixa 4’, potenciais revisões dos parâmetros do MCMV, sólido impulso operacional destas empresas e rendimentos de dividendos atrativos reforçam a nossa perspectiva positiva para o setor.”

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas