O Estúdio: série da Apple faz retrato lindo e divertido da indústria de Hollywood, suas cifras e a paixão pelo cinema

Série O Estúdio é feita por aqueles que amam cinema e para quem ama cinema; no meio do caminho, uma Hollywood cheia dinheiro e egos

As cifras são sempre superlativas quanto o assunto é Hollywood e a indústria do cinema. No ano passado, o faturamento com bilheteria nos Estados Unidos chegou a US$ 8,7 bilhões.

E esse número foi considerado ruim. Um único filme, ‘Divertida Mente 2’ arrecadou US$ mais de 650 milhões. E um único ator, Dwayne Johnson, levou para casa em 2024 US$ 88 milhões.

Os filmes produzidos por lá ainda geram buzz, ditam tendências e, mais do que tudo, amelheiam fãs. O formato de exibição está mudando com a enxurrada de streamings e pesos-pesados como Amazon e Apple entraram na jogada.

Tudo está mudando, mas uma coisa não mudou, nem nunca mudará: há a figura do apaixonado por filmes.

É o caso de Seth Rogen. O ator escreve, dirige e produz a série O Estúdio’, comédia lançada mundialmente pela Apple TV na última quarta-feira (26).

Rogen não está sozinho. Na direção, conta com a parceria de Evan Goldberg, seu amigo de infância. No roteiro e na produção há muitos outros parceiros.

A série é uma ótima e divertida pedida para quem deseja conhecer a indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Com todas as suas cifras, egos, desesperos, melancolias e trapaças.

E mais cifras.

Isso está presente – e muito – na série. Usar uma música dos Rolling Stones? Sem problemas, só US$ 800 mil. Um roteiro? Pagamos US$ 10 milhões…

Mas a fórmula não é exatamente original. O filme ‘O nome do Jogo’, de 1995, contava por meio do humor a história de um mafioso que vai à Hollywood cobrar uma dívida de um produtor de filmes e descobre que pode na verdade trabalhar com o que ama. O cinema. Os dois elementos de ‘O nome do Jogo’ – humor e a paixão pelo cinema – estão na série protagonizada por Rogen.

Mas o humor é mais sofisticado. E a paixão pelo cinema transpira em cada detalhe da produção. É uma série para apaixonados por cinema feita por apaixonados por cinema e que usa a indústria como pano de fundo para dar vazão à paixão pelos filmes.

O novo chefe do pedaço

‘O Estúdio’ começa quando o personagem vivido por Rogen – Matt Remick – é alçado à posição de diretor do famoso estúdio Continental. Remick é aficionado por cinema, começou com auxiliar da produção na indústria e foi ascendendo na empresa passo a passo.

Ao assumir o cargo principal do Continental, viverá seu primeiro dilema – bastante atual, inclusive. Apostar em um blockbuster bobinho sobre um personagem ícone da publicidade dos Estados Unidos da década de 1980 que ganha vida na tela ou fazer o que realmente quer: um filme-cabeça idealizado pela lenda Martin Scorsese?

O ícone do cinema Martin Scorsese durante filmagem da série O Estúdio. Foto: Apple TV

É a partir daí que a série se desenrola. E enquanto retrata o cotidiano de Hollywood, presta homenagens ao que não morrerá jamais: filmes bons são eternos.

Assim, além de homenagem para Scorsese e seu icônico ‘Os bons companheiros’, a série apresenta um episódio gravado totalmente em plano sequência.

Para quem não conhece, a técnica consiste em filmar uma cena completa de uma vez só, sem cortes. Esse é o mote, mas também a maneira como o episódio – inteiro – foi gravado. São mais de 20 minutos de um caos genuíno que só a ficção de Hollywood pode entregar.

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