Mais de 100 mil brasileiros têm carro por assinatura, mas escolha tem a ver até com a Selic

No Brasil cerca de 130 mil motoristas não querem saber automóvel próprio. Eles usam carros por assinatura. Esse dado, da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), indica que existe um grupo de pessoas que deseja evitar os custos e as responsabilidade de ter um veículo na garagem.
Mas será que vale mais a pena adquirir um contrato de carro por assinatura ou comprar o automóvel? E mais, será que não seria melhor usar táxi ou carros por aplicativo?
A Inteligência Financeira conversou com alguns especialistas que trouxeram explicações sobre o que é preciso levar em consideração na hora de fazer essa escolha.
Carro por assinatura ou comprar o automóvel?
Para saber se o carro por assinatura é a melhor opção em relação à compra, é preciso comparar os custos totais das duas alternativas. Ou seja, não se deve, claro, considerar apenas o preço do carro. É necessário incluir os valores de IPVA, seguro, manutenção, desvalorização, custo de oportunidade do capital investido e eventuais custos com financiamento.
“Já no caso da assinatura, deve-se calcular as mensalidades ao longo do período desejado. Sempre considerando os limites contratuais, como franquia de quilometragem e possíveis taxas adicionais”, acrescenta Fabio Louzada, planejador financeiro, economista e fundador da Eu me banco.
Os especialistas indicam simular cenários com ferramentas financeiras ou planilhas.
“Leve em conta o tempo médio de uso do automóvel, o tipo de carro desejado, o perfil de rodagem e os objetivos pessoais (como ter patrimônio ou manter fluxo de caixa livre). Se o foco é trocar de modelo de veículos com frequência ou não querer lidar com burocracias, a assinatura tende a ser vantajosa. Mas, se a pessoa não usa muito o carro ou quer ter um automóvel como construção de patrimônio, a compra pode fazer mais sentido”, analisa Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
Comparativo com compra à vista
Já para saber se é melhor o carro por assinatura ou comprar um veículo à vista, além dos valores da rotina do automóvel, entram na conta o custo de oportunidade.
“Basicamente, o motorista precisa responder a uma pergunta. ‘Se, ao invés de comprar um carro, eu investir esse dinheiro com a taxa Selic a 14% ao ano, por exemplo, quanto esse montante renderia em 1 ano ou mais tempo?’ E aí é comparar esses custos com o valor da locação”, ensina Bruno Leite, CEO da Carflip.
Táxi ou carro por aplicativo não seria melhor?
Para comparar o carro por assinatura com o uso de transporte por aplicativo ou táxi é importante avaliar a rotina de deslocamento. Ou seja, quantos quilômetros o condutor percorre por mês, com que frequência usa o carro, e se tem horários fixos ou flexíveis.
“Usuários que dirigem pouco (menos de 1.000 km/mês) ou usam o carro esporadicamente podem encontrar no transporte por aplicativo uma solução mais econômica. Já quem dirige diariamente para trabalho ou lazer e tem rotas definidas, pode encontrar mais autonomia e economia no carro por assinatura”, afirma Piellusch.
O especialista conta ainda que aplicativos tendem a ser mais vantajosos em áreas urbanas com boa oferta de motoristas e menos gastos com estacionamento, combustível e manutenção.
“No entanto, é essencial também considerar aspectos não quantificáveis. Por exemplo, se o motorista costuma sair à noite para jantar ou consumir bebidas alcoólicas, o uso de táxi ou aplicativo é mais seguro e conveniente. Além disso, em cidades com dificuldade de estacionamento, o custo e o tempo perdido com vagas devem ser incluídos no cálculo”, comenta.
Por outro lado, aplicativos e táxis podem apresentar desvantagens em horários de alta demanda, como maior tempo de espera ou tarifas dinâmicas. “Há também o risco de indisponibilidade em regiões afastadas ou horários críticos. Já o carro por assinatura oferece previsibilidade e liberdade de deslocamento a qualquer momento. Por isso, é mais vantajoso para quem dirige com frequência, em trajetos fixos e prefere autonomia”, diz o professor.
Por isso, antes de definir entre carro por assinatura ou compra do automóvel e uso de táxi, é preciso avaliar o perfil do usuário, orçamento e objetivos de longo prazo. A escolha depende da rotina e das prioridades financeiras.
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